segunda-feira, 14 de junho de 2010

Refletindo

Reflexões




Depois de um final de semana de muitos acontecimentos fiz minha reflexão costumeira, e acabei por concluir que o rumo está correto, a velocidade também, poderia definir da seguinte forma... como sempre gostei de fazer:

  Rag = OK   Dag = 5 DecMag = 10 Eta = Indefinido Xte = 10

Interessante como tudo o que fazemos em nossas vidas retorna, tanto de forma positiva, como de forma negativa, neste caso, muito mais negativo mesmo.

Tudo na vida é importante, seja do lado negativo ou do lado positivo! da pra entender isso ?

E foi pensando nisso, que me lembrei do texto abaixo... texto real e lindo, que mostra respeito e elimina a maldade do coração das pessoas



[...] Todas as barbáries deste século foram desencadeadas em nome do futuro (o Reich de mil anos, o "amanhã cantante", ou que deveria cantar, do stalinismo...). Ninguém me tira a idéia de que se resistiu a elas, moralmente, apenas por fidelidade a um certo passado. O bárbaro é o infiel. Mesmo o amanhã cantante só é moralmente desejável em nome de valores muito antigos; foi o que Marx viu e que os marxistas começam a compreender. Não há moral no futuro. Toda moral, como toda cultura, vem do passado. Não há moral que não seja fiel.

Para o casal é outra história. Que há casais fiéis e outros não, é uma verdade de fato, que não parece, ou já não parece atingir o essencial. Pelo menos se entendemos por fidelidade, nesse sentido restrito, o uso exclusivo, e mutuamente exclusivo do corpo do outro. Por que só amaríamos uma pessoa? Por que só desejaríamos uma pessoa? Ser fiel a suas idéias não é (felizmente!) ter uma só idéia; nem ser fiel em amizade supõe que tenhamos um só amigo. Fidelidade, nesses domínios, não é exclusividade. Por que deveria ser diferente no amor? Em nome do que poderíamos pretender o desfrute exclusivo do outro? É possível que isso seja mais cômodo ou mais seguro, mais fácil de viver, talvez, no fim das contas, mais feliz, e, enquanto houver amor, até acredito que seja. Mas nem a moral nem o amor parecem-me estar presos a isso por princípio. Cabe a cada um escolher, de acordo com sua força ou com suas fraquezas. A cada um, ou antes a cada casal: a verdade é valor mais elevado do que a exclusividade, e o amor me parece menos traído pelo amor (pelo outro amor) do que pela mentira. Outros pensam o contrário, talvez eu também, em outro momento. Não é isso o essencial, parece-me. Há casais livres que são fiéis, à sua maneira (fiéis ao seu amor, fiéis à sua palavra, fiéis à sua liberdade comum...). E tantos outros, estritamente fiéis, tristemente fiéis, em que cada um dos dois preferiria não o ser... O problema, aqui, é menos a fidelidade do que o ciúme, menos o amor do que o sofrimento. Não é mais meu tema. Fidelidade não é compaixão. Serão duas virtudes? Sem dúvida, mas, justamente: são duas. Não fazer sofrer é uma coisa; não trair é outra, e é o que se chama fidelidade.

O essencial é saber o que faz com que um casal seja um casal. O simples encontro sexual, por mais repetido que seja, não bastaria evidentemente para tanto. Mas também não a simples coabitação, por mais duradoura que seja. O casal, no sentido em que uso a palavra, supõe tanto o amor como a duração. Supõe, portanto, a fidelidade, pois o amor só dura sob a condição de prolongar a paixão (breve demais para fazer um casal, suficiente para desfazê-lo!) por memória e vontade. É o que significa o casamento, sem dúvida, e que o divórcio vem interromper. Se bem que... Uma amiga minha, divorciada, depois recasada, dizia-me que permanecia fiel, em alguma coisa, a seu primeiro marido. "Quero dizer", explicou-me, "ao que vivemos juntos, a nossa história, a nosso amor... Não quero renegar tudo isso." Nenhum casal, com maior razão, poderia durar sem essa fidelidade, em cada um, à sua história comum, sem esse misto de confiança e de gratidão pelo qual os casais felizes (há alguns) se tornam tão comoventes, ao envelhecer, mais até que os namorados que começam, que, na maioria dos casos, ainda não fazem mais que sonhar seu amor. Essa fidelidade me parece preciosa, mais que a outra, e mais essencial ao casal. Que o amor se aplaque ou decline, é sempre o mais provável, e é bobagem afligir-se com isso. Mas quer se separe, quer continue a viver junto, o casal só continuará sendo casal por essa fidelidade ao amor recebido e dado, ao amor partilhado e à lembrança voluntária e reconhecida desse amor. Fidelidade é amor fiel, dizia eu, e assim é também o casal, mesmo o casal "moderno", mesmo o casal "livre". A fidelidade é o amor conservado ao que aconteceu, o amor ao amor, no caso, amor presente (e voluntário, e voluntariamente conservado) ao amor passado. Fidelidade é amor fiel, e fiel antes de mais nada ao amor.

Como eu poderia jurar que sempre te amarei ou que não amarei outra pessoa? Quem pode jurar seus sentimentos? E para que, quando não há mais amor, manter a ficção, os encargos ou as exigências do amor? Mas isso não é motivo para renegar ou não reconhecer o que houve. Por que precisaríamos, para amar o presente, trair o passado? Eu juro não que sempre te amarei, mas que sempre permanecerei fiel a esse amor que vivemos.

O amor infiel não é o amor livre: é o amor esquecidiço, o amor renegado, o amor que esquece ou detesta o que amou e que, portanto, se esquece ou se detesta. Mas será que isso ainda é amor?

Ama-me enquanto desejares, meu amor; mas não nos esqueça.

Autor: André Comte-Sponville, Pequeno Tratado das Grandes Virtudes


Câmbio, desligo!


Um comentário:

  1. Lindo texto, confesso que vou refletir sobre isso.
    Se precisar, conte comigo!
    Bjs

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